Iniciativa do Comitê Olímpico Internacional é firmar compromisso com agenda de 2030 da ONU
As Olimpíadas de Paris estão se aproximando, e a preparação dos atletas segue em ritmo acelerado, em busca de resultados e quebra de recordes mundiais. No entanto, esta edição pretende ser inédita. E não estamos falando do ciclo olímpico mais curto (de 3 anos), mas sim da promessa do governo francês, junto com o Comitê Olímpico Internacional, de tornar as Olimpíadas mais verdes e sustentáveis de todos os tempos.
Paris está comprometida em reduzir significativamente as emissões de CO2 em comparação com eventos esportivos anteriores. Se a meta estabelecida for atingida, aproximadamente 1,58 milhão de toneladas de CO2 serão emitidas durante os jogos. Essa é uma meta ambiciosa quando comparada às emissões de Londres 2012 (3,4 milhões) e do Rio de Janeiro 2016 (3,6 milhões). A questão que se coloca é: como Paris pretende alcançar essa meta e quais mecanismos serão empregados para que as Olimpíadas de 2024 deixem um legado de sustentabilidade e respeito ao clima?
Uma das alternativas propostas é a adoção de trajetos mais curtos que a maioria dos atletas percorrerá para chegar às instalações esportivas. Outra mudança nos impactos das Olimpíadas de Paris é a significativa redução de construções dos locais de prova. Aproximadamente 95% dos locais serão instalações preexistentes, reformadas e modernizadas, ou estruturas temporárias. Os locais foram escolhidos estrategicamente para serem acessíveis por transporte público. A cidade também estabeleceu novos padrões de sustentabilidade para grandes eventos esportivos, incentivando a conservação de energia, inovação e criatividade.
Paris promete realizar os Jogos Olímpicos da nova era, impulsionados por 100% de energia renovável, eletricidade limpa e biogás. Todos os locais do evento serão conectados à rede pelo operador de rede Enedis e fornecidos pela EDF com eletricidade renovável proveniente de parques eólicos e solares.
A organização se compromete a fornecer 13 milhões de refeições e lanches de maneira mais sustentável. A meta estabelecida é de 1 kg de CO2 por refeição, em comparação com a meta francesa de 2,3 kg, sendo que 80% dos ingredientes serão de origem francesa, e pelo menos 30% serão orgânicos. A quantidade de produtos à base de plantas será duplicada, reduzindo pela metade o uso de plásticos e materiais poluentes. A não utilização de geradores a diesel permitirá a redução de 13 mil toneladas de emissões de carbono. Essas soluções continuarão em vigor após os jogos, possibilitando que outros eventos sigam esses mesmos parâmetros.
O Comitê Olímpico Internacional compreende que, atualmente, não existem soluções que eliminem completamente as emissões de carbono em grandes eventos. No entanto, Paris 2024 pretende ser um laboratório para que, no futuro, esses eventos se tornem totalmente sustentáveis. E não há momento mais propício para iniciar essa nova percepção que integre economia, saúde, esporte e sustentabilidade do que nas Olimpíadas, o maior evento esportivo do planeta.
Texto: Renato Palhano